O PALCO
Penso que o motivo que levou os professores que constituem a
lista B, Alternativa e Ruptura, concorrente às eleições para os corpos gerentes
do Sindicato dos Professores da Madeira, SPM, uma instituição agregadora de
profissionais da Educação e do Ensino com prestígio consolidado entre os
professores e a nossa sociedade foi, acima de tudo, introduzir dinamismo debate
e mudança na cada vez mais necessária e sempre renovada acção sindical, em prol
de uma melhor profissão docente e de uma escola de excelência para todos. É com
amargura que vejo esta mais elementar manifestação de cidadania activa, num
tempo e numa terra de acomodações, individualismos, indiferença, incerteza e
medo de dar a cara por uma causa, ser apodada de querer palco junto dos professores.
Por momentos parece-me estar a assistir a vulgares disputas e troca de fúteis
galhardetes entre outras agremiações da nossa praça, orientadas por outros
objectivos que não os nossos… Julgava eu ser o disputar duma eleição interna,
uma prerrogativa elementar de uma organização, de uma sociedade democrática. O
nosso palco é o estado actual da nossa profissão, da nossa escola, da nossa
vida colectiva, a constante degradação da situação económica, a ameaça de
precariedade, insegurança, desemprego, empobrecimento colectivo, fruto de
percursos políticos locais, nacionais e transnacionais, mas a que ninguém pode
ficar indiferente. O que nos move é o descontentamento perante o que
qualificamos ser demissão, ausência de dinamismo junto dos professores e das escolas,
por parte dos actuais corpos gerentes do SPM. Parece-nos ver o SPM enveredar
por caminhos que beliscam aquela que sempre foi a nossa marca distintiva face
ao poder político institucionalizado nesta região: a nossa autonomia e
independência. Apenas queremos fazer jus a todos os colegas que desde a
primeira hora do nosso sindicato pretenderam fazer desta instituição defensora
dos professores e da Educação, um espaço de debate, de confronto de ideias, de
exercício de democracia, desde as vetustas instalações da Rua da Conceição,
pobres mas ricas de ideais, até ao luxo – mas a que preço! – da Cabouqueira. Apenas
queremos exercer o direito de uma vez constituídos em lista, podermos ter
condições de, em igualdade de circunstâncias, no que ao processo eleitoral diz
respeito, apresentar-nos aos demais colegas associados do SPM, porque é a eles
que cabe a última palavra com o seu voto. E quando assistimos ao inundar das
escolas com propaganda da Lista A, ainda antes do período estatutário para tal
consagrado, desrespeitando as regras definidas, é caso para perguntar: afinal,
quem é que está ansioso por palco?
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