quarta-feira, 4 de abril de 2012

Reflexões

Diário de Notícias  Segunda, 2 de Abril de 2012

SPM, mais do mesmo

Helder Melim

Há dias, ao abrir o meu facebook, logo abaixo da publicidade ao presidente do CDS-M, fui surpreendido pela presença da nossa colega Sofia Canha. A primeira questão que me coloquei foi o que faria tal pessoa na minha página. Depois, pensando melhor, concluí que se tratava de publicidade paga e cara, e logo me interroguei sobre quem estaria a patrocinar a candidatura daquela lista.
Ao entrar na página, no topo, muito "gauchista", está uma gravura inclinada a 45 graus, a vermelho, de um grupo de supostos trabalhadores com o punho erguido no ar, que parece ter saído diretamente dos murais do MRPP no verão quente de 1975. Naturalmente este ímpeto revolucionário tem intenção de compensar o amarelo, rosa e talvez laranja dominantes.
Em nenhuma parte encontrei o ideário sindical, as crenças, o conceito que essa lista tem de educação, para sabermos o que propõem, ao que vêm.
No currículo disponível da candidata a coordenadora, constam alguns cargos na escola, fazer parte de meia dúzia de clubes e projetos e ter sido delegada sindical. Parece-me ser uma professora competente e empenhada, contra a qual não tenho nada, mas, com franqueza, esperava outra experiência, 'praxis' e competências de quem se propõe representar e defender os interesses dos professores da Madeira nos tempos difíceis em que vivemos.
O "Programa de Ação", não passa de um conjunto de intenções, vazias e redondas, com uma série de lugares comuns relativos às questões que sabem preocupar os professores, sem uma única estratégia. Sob o título "questões laborais em cima da mesa - as nossas prioridades de ação", estavam elencadas as mesmas questões pelas quais, há três anos, esta mesma lista prometeu lutar e não o fez.
Os três últimos anos foram de retrocesso, com largos prejuízos, em que os professores nem tiveram sequer direito à informação por parte do SPM, que esteve hibernado. O ditado popular explica que "quem o seu traseiro aluga, não se senta quando quer!". O atual lema "Em defesa dos professores" não será em tudo igual ao antigo lema "Cada vez mais perto"? Perto de quê? Que garantias nos dão que desta vez será diferente? Que cumprirão as promessas? A forma dúbia e incaracterística como o SPM se posicionou face à greve não augura nada de bom.
A ausência da eterna candidata à presidência ao órgão mais importante do SPM, a Assembleia-geral, é gritante. Esta figura deveria aparecer em pé de igualdade com a candidata a coordenadora, mas como sabem que a pessoa em questão, apesar de ser a "dona da lista" é uma menos-valia, o seu nome só aparece discretamente, na lista geral de candidatos, não vá o diabo tecê-las.
Ao contrário dos últimos anos, recebi recentemente uma série de 'emails' do SPM. É só reivindicações e informação. O "circo" já chegou às escolas, multiplicam-se as visitas para fazer esquecer os três últimos anos em que nada aconteceu. A caça ao voto já começou, as mesas das salas de professores já estão cheias de cartões-de-visita, com a imagem à MRPP já referida no início da página.
Mais uma vez constato que desta lista também faz parte gente séria, que sobretudo são professores, os quais respeito e saúdo.
Na recente coluna de opinião da autoria da atual coordenadora, em resposta a um artigo publicado recentemente nas Cartas do Leitor, sob o título SPM e a Greve Geral, artigo onde se questionava fortemente a atual direção do SPM, em vez dos necessários e incontornáveis esclarecimentos e contraditório, assistiu-se exclusivamente a críticas pelo facto do referido artigo ser anónimo.

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