Mentir é feio e desacredita os mentirosos. Ler e
deturpar o conteúdo de um texto é iliteracia. Se esse iletrado ambiciona ser
líder de uma organização que representa aqueles que combatem o analfabetismo,
que crédito merecerá dessa classe?
Tudo isto vem a propósito do debate na TSF entre os
candidatos à Coordenação do SPM pelas duas listas concorrentes, em que a líder
da continuidade afirmou que eu concordava com a presença do sr. Presidente do
Governo Regional na inauguração da nova sede do nosso sindicato, no Dia do
Professor, em vésperas de eleições legislativas regionais.
Pasme-se! Como é possível tirar tal conclusão da minha
carta do leitor, publicada pelo DIÁRIO na data dessa cerimónia polémica?! Nada
justifica tal leitura nem qualquer tipo de oportunismo eleitoralista saloio,
pois o que referi no 4.º parágrafo – como se pode ler abaixo – foi que não me
oporia à presença dele, desde que a inauguração ocorresse «fora do período eleitoral».
Em defesa da verdade, importa, «obviamente», como a
colega Sofia Canha gosta de mencionar até à exaustão, deixar claro que a ilação
por ela tirada não é óbvia. Pelo contrário, revela falta de literacia e, por
conseguinte, de perfil para o desempenho do cargo a que se propõe.
Apenas para quem sabe ler, reproduzimos na íntegra a
carta do leitor referida:
«SPM: inauguração inoportuna
Na dupla qualidade de sócio do Sindicato de
Professores da Madeira e de ex-dirigente do mesmo, sinto-me obrigado a tornar
pública a minha discordância relativamente à data escolhida para a inauguração
do Centro de Formação e da Nova Sede do SPM, cerimónia que será presidida pelo
sr. Presidente do Governo Regional.
Se o convite ao dr. Alberto João Jardim era mesmo
inevitável, considero absolutamente inoportuno fazer coincidir a referida
cerimónia com a campanha eleitoral para as legislativas regionais, por várias
razões.
O ilustre convidado da Direção atual do SPM, para além
de Presidente do G. R. é cabeça de lista da candidatura do PSD-M ao mencionado
acto eleitoral, o que pode configurar um aproveitamento político-partidário
inaceitável e condenável.
Não questiono a legitimidade que lhe confere o cargo
institucional que exerce para A. J. Jardim presidir à aludida inauguração. Por
isso mesmo, não me oporia à sua presença, desde que tal acto ocorresse fora do
período eleitoral. Mas, se o objectivo era, na verdade, conferir maior
solenidade às comemorações do Dia do Professor, que se assinala na mesma data,
então Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, que muito tem feito pela
classe docente, seria a personalidade mais recomendada para o efeito.
Lamento imenso esta polémica desnecessária, ainda por
cima numa data história para muitos sócios do SPM, que, finalmente, viram
concretizar-se um sonho de muitas gerações, mas não ficaria bem com a minha
consciência se não denunciasse esta instrumentalização, esta submissão, este
favor ou beija-mão das madames e “senhores do templo” sindical aos “senhores do
tempo”, como diria o sr. Pe. José Luís Rodrigues, que tiveram tantas oportunidades
para conquistar o voto dos docentes da RAM e que não souberam ou não as
quiseram aproveitar, designadamente na revisão do ECD-RAM, na recuperação do
tempo de serviço congelado, no modelo de avaliação, no pagamento aos docentes
de verbas em atraso,…
Neste Dia do Professor, o que os docentes madeirenses
certamente gostariam de inaugurar era um sindicalismo docente forte, livre,
independente e não instrumentalizável para melhor defender os seus associados e
a Educação. São utopias? Talvez. Mas, como diz Sebastião da Gama, «Pelo sonho é
que vamos»…
João M. R. Sousa»
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