sábado, 5 de maio de 2012

Reposição da Verdade

Em defesa da verdade

 João Sousa
Mentir é feio e desacredita os mentirosos. Ler e deturpar o conteúdo de um texto é iliteracia. Se esse iletrado ambiciona ser líder de uma organização que representa aqueles que combatem o analfabetismo, que crédito merecerá dessa classe?
Tudo isto vem a propósito do debate na TSF entre os candidatos à Coordenação do SPM pelas duas listas concorrentes, em que a líder da continuidade afirmou que eu concordava com a presença do sr. Presidente do Governo Regional na inauguração da nova sede do nosso sindicato, no Dia do Professor, em vésperas de eleições legislativas regionais.
Pasme-se! Como é possível tirar tal conclusão da minha carta do leitor, publicada pelo DIÁRIO na data dessa cerimónia polémica?! Nada justifica tal leitura nem qualquer tipo de oportunismo eleitoralista saloio, pois o que referi no 4.º parágrafo – como se pode ler abaixo – foi que não me oporia à presença dele, desde que a inauguração ocorresse «fora do período eleitoral».
Em defesa da verdade, importa, «obviamente», como a colega Sofia Canha gosta de mencionar até à exaustão, deixar claro que a ilação por ela tirada não é óbvia. Pelo contrário, revela falta de literacia e, por conseguinte, de perfil para o desempenho do cargo a que se propõe.
Apenas para quem sabe ler, reproduzimos na íntegra a carta do leitor referida:

«SPM: inauguração inoportuna
Na dupla qualidade de sócio do Sindicato de Professores da Madeira e de ex-dirigente do mesmo, sinto-me obrigado a tornar pública a minha discordância relativamente à data escolhida para a inauguração do Centro de Formação e da Nova Sede do SPM, cerimónia que será presidida pelo sr. Presidente do Governo Regional.
Se o convite ao dr. Alberto João Jardim era mesmo inevitável, considero absolutamente inoportuno fazer coincidir a referida cerimónia com a campanha eleitoral para as legislativas regionais, por várias razões.
O ilustre convidado da Direção atual do SPM, para além de Presidente do G. R. é cabeça de lista da candidatura do PSD-M ao mencionado acto eleitoral, o que pode configurar um aproveitamento político-partidário inaceitável e condenável.
Não questiono a legitimidade que lhe confere o cargo institucional que exerce para A. J. Jardim presidir à aludida inauguração. Por isso mesmo, não me oporia à sua presença, desde que tal acto ocorresse fora do período eleitoral. Mas, se o objectivo era, na verdade, conferir maior solenidade às comemorações do Dia do Professor, que se assinala na mesma data, então Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, que muito tem feito pela classe docente, seria a personalidade mais recomendada para o efeito.
Lamento imenso esta polémica desnecessária, ainda por cima numa data história para muitos sócios do SPM, que, finalmente, viram concretizar-se um sonho de muitas gerações, mas não ficaria bem com a minha consciência se não denunciasse esta instrumentalização, esta submissão, este favor ou beija-mão das madames e “senhores do templo” sindical aos “senhores do tempo”, como diria o sr. Pe. José Luís Rodrigues, que tiveram tantas oportunidades para conquistar o voto dos docentes da RAM e que não souberam ou não as quiseram aproveitar, designadamente na revisão do ECD-RAM, na recuperação do tempo de serviço congelado, no modelo de avaliação, no pagamento aos docentes de verbas em atraso,…
Neste Dia do Professor, o que os docentes madeirenses certamente gostariam de inaugurar era um sindicalismo docente forte, livre, independente e não instrumentalizável para melhor defender os seus associados e a Educação. São utopias? Talvez. Mas, como diz Sebastião da Gama, «Pelo sonho é que vamos»…
João M. R. Sousa»

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