quarta-feira, 2 de maio de 2012

Reflexões

  Filomena Crisóstomo

Os acontecimentos dos últimos dias aguçaram-me o espírito. Foram eles os seguintes:
  1. As eleições para o maior e mais antigo sindicato dos professores da RAM;
  2. A morte prematura de uma personalidade ímpar da política portuguesa e europeia, Miguel Portas, digo ímpar pela sua postura de diálogo, lutador convicto por ideais, não pelo mediatismo ou uso da coisa pública. No dia do seu falecimento tive a oportunidade de ouvir na rádio a repetição de uma entrevista que lhe foi feita pela jornalista Maria Flor Pedroso, e da qual destaco o facto de Miguel Portas ter dito que, ao conseguir um Relatório no Parlamento Europeu, um grupo de técnicos do Parlamento foi ter com ele e lhe perguntou se ele queria que eles fizessem o relatório, aos quais respondeu que ele prório o faria e tinha intenção de visitar in loco tudo o que estivesse implicado no relatório. Enalteço aqui a honestidade intelectual, e o zelo pelo trabalho que lhe foi confiado, que muito dignificam a sua personalidade...
  3. O seu filho André, na cerimónia de homenagem ao pai, disse o seguinte:
« O meu pai foi um professor para mim».
A conjugação destes três acontecimentos pareceu-me perfeita, em especial a afirmação do filho de Miguel Portas. Nos últimos anos, penso, que terá sido a vez que ouvi elevar a categoria de professor ao grau mais elevado, pois apareceu como o que ajuda a crescer e a comprender a complexidade da vida, e por quem se nutre um eterno obrigado.
Ora, a conjuntura política e social atual reduzem o professor a um funcionário, e, atendendo ao facto de existir em excesso no sistema, até é tratado como mercadoria facilmente desvalorizada.
Nos dias que correm, o sindicalismo ganha nova roupagem, os colegas que assumirem essa responsabilidade na sequência das eleições têm de lutar pela dignificação do papel do professor e pelos seus direitos.

Funchal, 1 de maio de 2012

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