Gabriela Relva, Conselho Fiscal
Durante
duas semanas, conjuntamente com outras(os) colegas, percorri vales e encostas
da zona oeste, no contacto direto com os colegas que trabalham nas escolas dos
concelhos da Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava. Para estas visitas, não
precisei da companhia da máquina fotográfica - nunca foi essa a nossa intenção
-, por isso não guardo para a posterioridade fotografias dos locais por onde
passei…. Mas sinto-me satisfeita e, acima de tudo, privilegiada por conhecer,
ouvir e ser ouvida por colegas, aos quais apresentamos os motivos que levaram à
constituição desta grande equipa – Alternativa SPM - e a abraçar o projeto “Resistir,
Mudar e Agir – pelos docentes da Madeira e Porto Santo”.
Escutamos
atentamente os colegas que exteriorizaram o que sentem e pensam, trocamos
experiências, refletimos sobre problemas que nos atingem… Ficamos enriquecidos.
Estamos, hoje, munidos de registos onde, infelizmente, prevalecem preocupações,
descontentamentos, desânimos, perplexidades, … de professoras(es) e
educadoras(es) que conhecem o seu presente, mas do amanhã, do futuro… só
incertezas…
De entre as preocupações sentidas, para
além das que se prendem com a situação atual e do futuro da Educação na nossa
região e no nosso país, destacam-se:
·
a
pouca diversificação da oferta de formação do SPM que, muitas vezes, é
direcionada para os mesmos grupos e sectores de docência;
·
o
silêncio face à constante perda de direitos dos docentes sem que da
parte do SPM haja, em
tempo útil e oportuno, a atenção e intervenção reivindicativa devidas;
·
o
distanciamento e a ausência dos seus dirigentes dos associados, que anseiam de
novo por um sindicato devolvido aos sócios, com visitas periódicas às escolas e
em tempo útil de auscultação e de informação de assuntos pertinentes da
Educação, de negociações com a tutela, de questões de orientação sindical, dos
verdadeiros problemas sentidos nas escolas…;
·
o
atendimento nem sempre adequado e a falta de simpatia… e muito mais coisas, a
lista dos desabafos é enorme…
Foram
também várias(os) as/os que nos informaram terem abandonado o sindicato porque
não se revêem no rumo que a nossa organização sindical tomou nos últimos
anos… Foram testemunhos reveladores…. Da
voz de uma colega guardo este sentido de esperança – “É preciso dar a volta
a isto!..”
Se é
verdade que este diagnóstico se encontra plasmado no projeto da Alternativa –
SPM, fiquei com a certeza de que muitos professoras(es) e educadoras(es)
anseiam pela verdadeira mudança, encontram em nós os
guardiães da esperança, depositam em nós grandes responsabilidades…
Há um
longo caminho a percorrer… No dizer de Miguel Torga “O que importa é partir,
não é chegar”!... Aquilo que ontem era
sonho, amanhã pode tornar-se realidade...
E,
porque percorrendo os caminhos do desânimo se pode fazer o caminho da
esperança, permitam que transcreva o poema do grande poeta sevilhano António
Machado:
“Se hace camino al andar”
Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.
Saudações amigas e sindicais a todos os colegas. VIVA o SPM!...
Sem comentários:
Enviar um comentário