domingo, 13 de maio de 2012

Reflexões

Na visita às escolas…

 Gabriela Relva, Conselho Fiscal


Durante duas semanas, conjuntamente com outras(os) colegas, percorri vales e encostas da zona oeste, no contacto direto com os colegas que trabalham nas escolas dos concelhos da Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava. Para estas visitas, não precisei da companhia da máquina fotográfica - nunca foi essa a nossa intenção -, por isso não guardo para a posterioridade fotografias dos locais por onde passei…. Mas sinto-me satisfeita e, acima de tudo, privilegiada por conhecer, ouvir e ser ouvida por colegas, aos quais apresentamos os motivos que levaram à constituição desta grande equipa – Alternativa SPM - e a abraçar o projeto “Resistir, Mudar e Agir – pelos docentes da Madeira e Porto Santo”.

Escutamos atentamente os colegas que exteriorizaram o que sentem e pensam, trocamos experiências, refletimos sobre problemas que nos atingem… Ficamos enriquecidos. Estamos, hoje, munidos de registos onde, infelizmente, prevalecem preocupações, descontentamentos, desânimos, perplexidades, … de professoras(es) e educadoras(es) que conhecem o seu presente, mas do amanhã, do futuro… só incertezas…

De entre as preocupações sentidas, para além das que se prendem com a situação atual e do futuro da Educação na nossa região e no nosso país, destacam-se:

·         a pouca diversificação da oferta de formação do SPM que, muitas vezes, é direcionada para os mesmos grupos e sectores de docência;

·         o silêncio face à constante perda de direitos dos docentes sem que da parte do SPM haja, em tempo útil e oportuno, a atenção e intervenção reivindicativa devidas;

·         o distanciamento e a ausência dos seus dirigentes dos associados, que anseiam de novo por um sindicato devolvido aos sócios, com visitas periódicas às escolas e em tempo útil de auscultação e de informação de assuntos pertinentes da Educação, de negociações com a tutela, de questões de orientação sindical, dos verdadeiros problemas sentidos nas escolas…;

·         o atendimento nem sempre adequado e a falta de simpatia… e muito mais coisas, a lista dos desabafos é enorme…

Foram também várias(os) as/os que nos informaram terem abandonado o sindicato porque não se revêem no rumo que a nossa organização sindical tomou nos últimos anos…  Foram testemunhos reveladores…. Da voz de uma colega guardo este sentido de esperança – “É preciso dar a volta a isto!..”

Se é verdade que este diagnóstico se encontra plasmado no projeto da Alternativa – SPM, fiquei com a certeza de que muitos professoras(es) e educadoras(es) anseiam pela verdadeira mudança, encontram em nós os guardiães da esperança, depositam em nós grandes responsabilidades…

Há um longo caminho a percorrer… No dizer de Miguel Torga “O que importa é partir, não é chegar”!...  Aquilo que ontem era sonho, amanhã pode tornar-se realidade...

E, porque percorrendo os caminhos do desânimo se pode fazer o caminho da esperança, permitam que transcreva o poema do grande poeta sevilhano António Machado:

“Se hace camino al andar”

Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.


Saudações amigas e sindicais a todos os colegas. VIVA o SPM!...

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