sábado, 5 de maio de 2012

Reflexões

 Rita Rodrigues

Caros Colegas da LISTA B
e de todas as listas que listam, conscientemente, as condições de SER PROFESSOR HOJE EM PORTUGAL.
Convido à releitura do ELOGIO DA LOUCURA, de Erasmo de Roterdão, escrito em 1509 (um ano depois do Funchal ser elevado a cidade) e editado em 1511.
A loucura, a deusa que conduz as acções humanas, denuncia e analisa criticamente o comportamento humano, numa visão tão actual e contemporânea (talvez retirando, em parte, algumas questões relacionada com a mulher!).
Se não vejamos:
"O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, toda a gente desperta a presta a maior das atenções".
(...)
"A mais louca e desprezível das gentes é a classe dos comerciantes (...) Mentem, perjuram, defraudam, enganam, roubam e, apesar disso, julgam-se com direito à consideração dos outros, porque trazem nos dedos grossos anéis de ouro. (...) Vêem-se ainda certos Pitagóricos, tão convencidos de que todos os bens são comuns, que se apoderam dos bens dos outros tão tranquilamente como se de uma herança se tratasse".
(...)
"Eu própria [loucura] não posso, muitas vezes, deixar de rir, ao ver a maneira como se convencem [os teólogos] da sua superioridade teológica, a ver qual o que empregará a linguagem mais bárbara e mais grosseira, quem balbuciará a ponto de apenas um galgo o conseguir entender. Proclamam-se profundos, quando o público os não consegue perceber".
(...)
(Erasmo, Elogio da Loucura, Mira Sintra, Pub. Europa-América, 1990, pp. 81 e 88).
O exercício que proponho é simples: vamos substituir igreja, pregador, mercador, comerciante, teólogo ... por grémios, associações, sindicatos ... e vamos reflectir: "De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?" (com a legítima apropriação do título da obra de Paul Gauguin - 1848/1903).
A resposta ficará, apenas, em dois patamares (creio): viemos, somos e vamos para o ABISMO ou viemos, somos e vamos para a LIBERDADE.
Precisamos decidir e exigir, com responsabilidade e profissionalismo, em que patamar deverá ficar a EDUCAÇÃO! Essa deverá ser, na minha modesta opinião, a questão fulcral desta campanha. Não interessa quem gesticula mais, quem tem mais maquilhagem, ... é preciso ver e consumir a SUBSTÂNCIA (e só dá quem tem... para dar!)..."

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